Escrito por Dra. Ester de Castro Oliveira Galdão

Doenças da tireóide são bastante comuns no nosso meio. Estão relacionadas com fatores genéticos (familiares), geográficos (ocorrem mais no interior do continente, longe do mar, por falta de iodo) e dietéticos (principalmente a quantidade de iodo, que é adicionado ao sal de cozinha).

Tipos de alterações da tireóide:
As alterações da tireóide podem ser da sua morfologia (da forma da glândula) ou da sua função (problemas na produção dos hormônios tireoidianos). Não é obrigatório que ambos os tipos de alteração ocorram ao mesmo tempo – isto é, o paciente pode apresentar nódulos e ter hormônios normais, ou ter alteração dos hormônios com a glândula de aspecto normal ou levemente alterado.

As alterações da forma podem ser difusas, isto é, toda a glândula apresenta-se com aspecto anormal, ou podem existir nódulos. Os nódulos podem ser sólidos (como um caroço de abacate), císticos (como uma bolha, contendo líquido) ou mistos (sólido com partes líquidas no meio). Em ambos os casos, a tireóide pode crescer, com aparecimento de um bócio (papo), ou apresentar-se com tamanho reduzido.

As alterações do funcionamento da tireóide são o aumento ou a redução da quantidade de hormônios no sangue – hipertireoidismo ou hipotireoidismo, respectivamente.

Diagnóstico das doenças da tireóide:
Para o diagnóstico das doenças da tireóide são realizados basicamente exames de sangue, que verificam o funcionamento da glândula e a presença de anticorpos anti-tireoidianos, e a ultra-sonografia da tireóide, para avaliação do tamanho e da presença de nódulos ou outras alterações.

Os resultados destes exames dependem muito da qualidade dos equipamentos utilizados e da experiência dos profissionais que os realizam, sendo muito importante que o seu médico conheça e confie no laboratório onde você vai fazer os exames. Sempre pergunte para o seu médico se ele confia no laboratório onde você vai fazer os exames. Como estas doenças necessitam de acompanhamento, com a realização de exames periódicos para controle da sua evolução, é bom fazer os exames sempre no mesmo lugar, se possível com o mesmo examinador e no mesmo aparelho. Guarde todos os seus exames e sempre os leve quando for fazer exames de controle, para comparação.
Conforme explicado anteriormente, é necessária a avaliação dos resultados de todos os exames, em conjunto, para um diagnóstico correto e a escolha do melhor tratamento para cada caso.

Alterações mais comuns da tireóide:

1- Nódulos:

Trabalhos científicos mostram que após os 40 anos até 50% da população apresenta nódulos na tireóide, mesmo sem ter doença clínica, isto é, sem sintomas ou alterações nos exames de sangue. Eles ocorrem mais em mulheres do que em homens. Estes nódulos geralmente são descobertos pela ultra-sonografia da tireóide, pois são pequenos.

De todos os nódulos da tireóide, 5% são malignos (câncer), por isso existem critérios para a indicação da realização de uma biópsia dos nódulos suspeitos. A biópsia é realizada através de uma punção (PAAF), isto é, com uma agulha fina de injeção e uma seringa, o médico, guiado pelo exame de ultra-som, vai espetar o nódulo e recolher material para exame microscópico das células (citologia), a fim de verificar a presença de células potencialmente malignas. A ultra-sonografia serve para ajudar o médico a achar o nódulo e confirmar que o material foi coletado do seu interior, pois permite a visualização da ponta da agulha. Este exame é bastante incômodo e desagradável, mais do que doloroso, porém é rápido e geralmente não deixa marcas, podendo o paciente retornar às suas atividades normais.

2- Tireoidite:

A tireoidite é uma inflamação crônica da glândula, que ao longo de vários anos leva a uma parada lenta e progressiva do seu funcionamento e ao hipotireoidismo. Esta doença tem grande incidência familiar e poucos sintomas, geralmente sendo feito o diagnóstico após os 50 anos, quando as alterações causadas pelo hipotireidismo já estão bem instaladas – obesidade, queda de cabelos, unhas e cabelos fracos e secos, pele seca e enrugada, falta de disposição geral, depressão, mau humor. As primeiras alterações já podem ser diagnosticadas na adolescência, e o acompanhamento é importante para se determinar quando o tratamento medicamentoso deve ser iniciado – antes da instalação dos sintomas do hipotireoidismo. Ainda não existe um tratamento que cure esta doença, que impeça a progressão da inflamação, e o medicamento é uma reposição dos hormônios que a tireóide deixou de produzir, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente.

Caso você note alguma alteração no pescoço (na frente, abaixo do gogó), ou haja algum caso de doença da tireóide na sua família, não deixe de comentar o seu médico.

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