Escrito por Dra. Adriana de Góes Soligo – Médica Ginecologista-Obstetra

Cuidados que garantem uma gravidez mais segura e feliz.

A gravidez é um momento sublime para toda mulher, mas também é um período que exige cuidados especiais, a fim de proteger a saúde da gestante e do bebê. Afinal, o corpo feminino passa por muitas transformações para se adaptar a essa nova condição. Nesse sentido, o acompanhamento pré-natal, que envolve a realização de uma série de exames durante a gestação, é fundamental para proporcionar uma gravidez mais segura e feliz.

Com os exames, podemos identificar e tratar precocemente muitos problemas que, em geral, tendem a afetar a mulher e o bebê. Por isso, recomendamos que as mães iniciem o pré-natal assim que souberem da gravidez. Ou melhor, que realizem os exames quando planejarem engravidar!

Após confirmada a gestação, os primeiros exames que solicitamos são os de sangue, que irão detectar várias alterações que podem interferir na evolução saudável de uma gravidez, como as anemias e as infecções bacteriana ou viral. Tais doenças podem ser tratadas logo no início da gestação.

Através do exame de sangue, verificamos ainda a tipagem sanguínea (ABO/fator Rh), a fim de checar a compatibilidade sanguínea do casal. A incompatibilidade sanguínea não tratada adequadamente na primeira gravidez pode levar a graves comprometimentos do feto em uma segunda gestação. Hoje, já existem medicações para solucionar o problema, que são indicadas a partir da primeira gestação.

Além disso, outros exames importantes são os de sorologias para doenças infecciosas, por meio dos quais é possível detectar hepatite B ou C, Aids e Sífilis e outras parasitoses, como toxoplasmose, rubéola etc. Paralelamente, solicitamos o exame de urina que permite avaliar a existência de infecções urinárias, bastante comuns na gravidez. Conforme o útero cresce, ele comprime a bexiga e o ureter. Isso pode levar a um esvaziamento incompleto da bexiga e ainda dificultar a drenagem de urina dos rins, o que aumenta a chance de infecção urinária. As infecções urinárias devem ser tratadas imediatamente, a fim de evitar algumas complicações, como o parto prematuro.

Vale ressaltar que durante a gravidez, as alterações metabólicas provocam uma queda da imunidade da mãe. Dessa forma, uma infecção que normalmente poderia ser curada em alguns dias, em uma gestante pode levar muito mais tempo. Daí a importância do diagnóstico precoce.

É fundamental também que a gestante faça o exame de fezes para diagnosticar a presença de parasitoses intestinais, que podem causar, por exemplo, a anemia.

Logo após a confirmação da gravidez, recomendamos ainda o teste de glicemia, que é essencial para verificar se a mãe é diabética ou se tem tendência para desenvolver a doença durante a gestação. A falta de controle da taxa de glicemia pode acarretar diversas consequências, como parto prematuro e até perda do bebê.

Os valores da glicemia de jejum podem ficar elevados por diversas razões. Caso isso aconteça, indicamos posteriormente o teste de sobrecarga oral de glicose. Nesse exame ingere-se um líquido adocicado e, após duas horas, mede-se a taxa de glicemia no sangue, a fim de descartar a possibilidade de existência da diabetes.

Geralmente, repetimos esses exames de glicemia de jejum e de sobrecarga oral de glicose também no último trimestre da gravidez para nos certificarmos de que a gestante não desenvolveu intolerância à glicose ou a diabetes gestacional, que são mais frequentes na gravidez devido também às alterações metabólicas.

Outros exames importantes
A ultrassonografia é outro exame essencial na gravidez. Para confirmar a idade gestacional e verificar se não há gravidez ectópica, ou seja, fora do útero, recomendamos a ultrassonografia logo que a mulher tenha a confirmação da gestação.

Para descartar uma gravidez fora do útero e abortamento, geralmente, pedimos também um exame de Beta-HCG quantitativo, que indica a concentração do HCG, hormônio produzido logo depois da fixação do embrião na parede do útero. Essa concentração deve aumentar progressivamente durante a gravidez. Se isso não ocorrer e se na ultrassonografia não foi possível detectar o saco gestacional no útero, deve ser considerada a possibilidade de uma gravidez ectópica ou abortamento.

Com idade gestacional entre 11 e 13 semanas e seis dias, é imprescindível que a mulher realize a primeira ultrassonografia (US) morfológico, exame que irá detectar possíveis anomalias no feto. Nesse exame são avaliados marcadores de risco para síndromes genéticas, tais como a presença do osso nasal, e a medida da translucência nucal, que é uma medida do acúmulo de líquido subcutâneo na região cervical do bebê. Se o exame estiver alterado pode significar riscos para síndromes genéticas, incluindo a presença de síndrome de Down. Nesses casos, partimos então para métodos mais precisos, como a amniocentese, que é retirar uma pequena quantidade de líquido amniótico, ou a cordocentense, método em que se extrai uma amostra do sangue fetal por meio da punção do cordão umbilical.

Entretanto, como são exames muito invasivos e trazem riscos de aborto, cabe a cada médico fazer a indicação a partir de uma avaliação mais global da paciente. Geralmente, a medicina fetal utiliza métodos que combinam vários fatores para medir e calcular os reais riscos de malformação fetal. A partir daí, podemos solicitar ou não exames mais invasivos.

Existe ainda a US morfológico do segundo trimestre, que deve ser realizada por toda gestante entre 20 a 24 semanas de gravidez. Esse exame tem a finalidade de avaliar o desenvolvimento dos órgãos internos do bebê.

O risco de trombose também é aumentado durante a gravidez, especialmente em mulheres com histórico familiar de trombose, infartos e AVC em indivíduos com até 50 anos de idade, fumantes e com antecedentes de abortos anteriores ou perda do bebê dentro do útero em fase adiantada da gravidez.
Nesses casos, é importante que a gestante faça exames para avaliar sua condição antes mesmo de ficar grávida. Devem ser pesquisados os fatores trombofílicos hereditários e adquiridos, que indicam os riscos e nos permitem adotar a terapêutica mais adequada para cada paciente.

Com cerca de 28 semanas de gravidez, repetimos todos os exames iniciais, inclusive o de sorologia para descartar o que chamamos de “janela sorológica”, já que existem vírus que demoram de três a seis meses para serem detectados em exames.

No terceiro trimestre é importante também realizar uma ultrassonografia com dopplerfluxometria colorida, por meio da qual verificamos a circulação sanguínea entre o útero, placenta e bebê. Esse exame é indicado para detectar alterações no fluxo sanguíneo, o que pode significar sofrimento fetal e, muitas vezes, a interrupção da gestação precocemente.

Portanto, como podemos perceber, o pré-natal é fundamental para que a mulher tenha uma gestação saudável. O CURA também é referência nessa área e oferece os melhores métodos diagnósticos com resultados rápidos, precisos e seguros.

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