A mais recente Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, aponta que a obesidade atinge um em cada cinco moradores das capitais brasileiras, e mais da metade da população apresenta sobrepeso. Apesar de indicar uma desaceleração no ritmo de avanço desde 2015, a epidemia de obesidade preocupa.

Além de estar relacionada a problemas cardiovasculares, mais conhecidos como infarto e acidente vascular cerebral, a obesidade também está ligada ao desenvolvimento silencioso da chamada doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), o tipo de esteatose mais comum em todo o mundo. Esteatose hepática é o acúmulo de gordura nas células do fígado.

Epidemia da obesidade

Mais frequente em obesos e em quem está com sobrepeso, a DHGNA acontece também em pessoas magras e pode ainda ser desencadeada por outras doenças, como hipotireoidismo, e problemas metabólicos, como diabetes, colesterol e triglicérides alterados. É a doença do fígado mais frequente hoje em dia e, em crianças e adolescentes, pode evoluir para problemas graves com maior rapidez do que em adultos.

A professora livre-docente do Departamento de Diagnóstico por Imagem da Escola Paulista de Medicina, Dra. Susan Menasce Goldman, que também é responsável técnica pela área de ressonância magnética do CURA Imagem e Diagnóstico, explica que o fígado é a sede de alterações metabólicas e sofre bastante com o acúmulo de gordura.

“Por problemas metabólicos e por causa da epidemia de obesidade, está crescendo o número de casos de esteatose hepática, que causa um dano importante ao fígado e pode evoluir para cirrose, não por consumo de álcool, mas pela gordura. O mais grave é que, a partir de determinado momento, essa cirrose se torna irreversível e predispõe à formação de tumores. A DHGNA é a maior causa mundial de câncer de fígado”, destaca Dra. Susan.

Ainda que não venha a se tornar um câncer, a possibilidade de uma cirrose já é motivo suficiente para se preocupar. “O fígado é responsável por muitas funções no organismo. A cirrose é uma insuficiência hepática, que pode desencadear uma série de outras doenças e disfunções, e pode levar a pessoa a necessitar de um transplante hepático”, destaca a médica.

Quando se preocupar

Como a esteatose é uma doença silenciosa e cada vez mais frequente na população, em razão de abusos calóricos, alimentos inadequados e sedentarismo, é preciso saber medi-la e “diferenciar o joio do trigo”, conforme explica Dra. Susan.

Segundo ela, a melhor maneira de quantificar a gordura no fígado é por meio espectroscopia por ressonância magnética, um método não invasivo, seguro e preciso, que exige “um conhecimento muito específico, pouquíssimo difundido, mas executado com primazia pela equipe do CURA”, afirma a médica.

Vantagens de realizar o exame no CURA

Nossas técnicas permitem não só quantificar a gordura, com a precisão que só a biopsia era capaz de fazer, mas também medimos a função metabólica sem precisar usar esse método invasivo. Somos um dos primeiros no mundo na aplicação desse método e um dos poucos serviços que realiza rotineiramente esse procedimento, ainda pouco conhecido por gastroenterologistas e endocrinologistas, que, por causa disso, ainda prescrevem exames pouco eficientes.

-Dra. Susan Menasce Goldman

Além de exames de ultrassom, a sequência multieco é o método mais pedido por médicos para quantificar a esteatose, mas apresenta elevada margem de erro. Já a eficiência da espectroscopia pode ser comprovada. Candidatos à cirurgia bariátrica obrigatoriamente têm de fazer uma biopsia para avaliar a condição do fígado. “Realizei um estudo em que fazia a espectroscopia por ressonância magnética antes da biopsia, e os resultados dos dois exames mostram uma correlação fidedigna, que comprova a eficiência da metodologia”, afirma Dra. Susan.

Com uma quantificação confiável do percentual de gordura e a avaliação da função metabólica, o especialista que acompanha o paciente tem melhores condições de prescrever o tratamento, que, em geral, passa a emagrecer e pelo uso de medicamentos.

Outra vantagem da espectroscopia por ressonância magnética é que permite acompanhar se o tratamento está surtindo o efeito desejado. Com a repetição periódica do exame – que demora só 15 minutos, não exigindo preparos especiais nem uso de contraste –, é possível verificar objetivamente se a estrutura do fígado está melhorando.

Outra indicação do exame é para candidatos à cirurgia de redução de estômago, que podem realizar a espectroscopia para avaliar a existência ou não de fibrose hepática em vez de ter de realizar uma biopsia pré-operatória. Nesse caso, o exame é um pouco diferente, é uma avaliação multiparamétrica, que, além de gordura, analisa outros fatores como eventual presença de tumores.

Estilo de vida saudável para um fígado saudável

O crescimento dos casos de esteatose tem atraído a indústria farmacêutica, que vem desenvolvendo várias opções de medicamentos. Mas, como sempre, o melhor é evitar o surgimento do problema.

A prevenção da esteatose do fígado inclui hábitos saudáveis.

Veja o que você pode fazer:

  • Mantenha o peso, evitando a obesidade.
  • Se estiver acima do peso, procure emagrecer.
  • Não consuma bebidas alcoólicas em excesso.
  • Controle o colesterol e triglicérides.
  • Controle ou evite o diabetes mellitus.
  • Faça atividade física regularmente.
  • Tenha uma alimentação saudável, com verduras, frutas, e evite gordura trans e alimentos industrializados e carboidratos refinados.

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