Escrito por Dra. Natasha Malo de Senço, CRM 141.094
O câncer de mama é o segundo câncer mais freqüente no mundo (fonte: INCA, 2012). È mais freqüente entre as mulheres, mas também pode acometer o sexo masculino. A mortalidade pela doença varia conforme características genéticas, subtipos e estágio em que a doença é descoberta. Ainda sim, segundo a Organização Mundial de Saúde é a principal causa de morte por câncer na população feminina brasileira.
Atualmente, o Programa Nacional de Controle do Câncer de Mama recomenda algumas medidas para a prevenção da doença e não apenas a detecção precoce. A obesidade, sedentarismo, uso regular de álcool (mesmo que em doses moderadas) e a exposição prolongada ao estrogênio (que ocorre nos casos de menstruação precoce, menopausa tardia e ausência de gestações ao longo da vida) estão associados a um maior risco de desenvolver a doença. Nesse sentido, a recomendação de atividade física, dieta balanceada, aleitamento materno exclusivo são as principais medidas de prevenção da doença. Estima-se que essas medidas possam reduzir a ocorrência do câncer em até 28% (fonte: INCA, 2009).
Apesar da cirurgia de retirada de mama como medida preventiva ter ganhado notoriedade na mídia, apenas 10% dos casos de câncer de mama tem causas hereditárias e esta opção ainda permanece controversa. Não há evidências científicas de que o uso de anticoncepcionais influencie o aparecimento do câncer de mama, no entanto há indícios que a terapia de reposição hormonal aumente as chances do surgimento da doença.
Além da prevenção, a detecção precoce da doença é fundamental para aumentar as chances de sucesso do tratamento. No passado, o auto-exame foi muito valorizado como medida para ajudar no diagnóstico, no entanto, ao longo dos anos, sua realização não ajudou a diminuir o número de mortes pela doença. Hoje em dia se recomenda que as mulheres realizem periodicamente exame clínico com o ginecologista ou profissional treinado, pois o ideal é que o nódulo seja localizado quando ainda tenha menos de um centímetro e geralmente durante o auto-exame, apenas nodulações maiores são percebidas, podendo gerar uma falsa sensação de segurança e também trazer angústia no caso de identificação de nodulações benignas e inflamações.
Os exames de imagem, como a mamografia, tem demonstrado grande eficácia no rastreio precoce da doença e, por esse motivo, são recomendados rotineiramente a partir dos cinquenta anos, quando a doença torna-se mais freqüente. E deve ser repetido anualmente. Alguns grupos especiais, como mulheres com histórico de câncer na família (antes dos cinqüenta anos), exposição prolongada ao estrogênio, ou presença de nódulos benignos podem precisar iniciar este acompanhamento mais precocemente, a partir dos 35 anos. Todas as mulheres devem procurar esclarecimento médico se sentirem qualquer dúvida ou desconforto a esse respeito e cabe ao profissional avaliar individualmente cada caso e propor quando este acompanhamento deve ser iniciado.
Após detecção de alguma alteração na mamografia de rastreio, outros exames podem ser necessários para complementar o diagnóstico, como o exame citopatológico e o histopatológico. O exame citopatológico é realizado através de punção do nódulo (punção aspirativa por agulha fina – PAAF), enquanto o exame histopatológico é realizado através de biópsia. Estes exames visam avaliar o tipo celular do nódulo e auxiliar a determinar o melhor tratamento em cada caso.
Em suma, atualmente a prevenção ao câncer de mama se dá através de hábitos de vida saudáveis e acompanhamento médico de rotina. Apesar de nem sempre ser possível prevenir o surgimento da doença, é possível realizar avaliações periódicas que identifiquem precocemente qualquer alteração e melhore significativamente as perspectivas de tratamento, visando a cura completa da doença.