Nos últimos 10 anos, o número de obesos aumentou 60% no país, passando de 11,8% para 18,9%, de acordo com o levantamento Vigitel Brasil, realizado pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Entre os beneficiários de planos de saúde, a proporção de obesos aumentou de 12,5% para 17,7%. Já o índice de adultos com excesso de peso subiu de 46,5% (em 2008) para 53,7%.

São números alinhados com um levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em conjunto com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), que aponta que mais da metade dos brasileiros está com sobrepeso e 20% da população adulta apresenta obesidade.

O que explica esses números em ascensão?

A nutricionista Angela Faustin explica que um dos principais fatores é o crescente consumo de alimentos ultraprocessados, uma tendência contrária ao que acontece em países desenvolvidos. Segundo ela, a obesidade preocupa porque desencadeia uma série de doenças, como problemas de circulação e cardíacos, artrose e até câncer.

A nutricionista alerta para os riscos de alimentos taxados como light, mas que apresentam sódio, açúcares e aditivos químicos em excesso.

Destaca ainda que não se deve confiar em dicas soltas, dietas restritivas e malucas ou pílulas e programas “milagrosos” de emagrecimento vendidos na internet. “Opte por programas que visam a uma alimentação balanceada e ensinem a manter uma vida longa e saudável. E não deixe de consultar seu médico”, orienta.

Uma pesquisa, apresentada em março no ENDO 2018, em Chicago, um dos principais congressos de endocrinologia do mundo, indica que a tendência à obesidade pode ser transmitida durante a amamentação. Num estudo com camundongos, cientistas observaram que filhotes amamentados por mães com dietas não saudáveis tiveram maior propensão à obesidade.

Exames importantes para quem está acima do peso

Além da importância de seguir uma reeducação alimentar, quem está com sobrepeso ou obeso precisa ficar atento às condições gerais de saúde. O excesso de peso pode ser um fator de risco para diversas doenças.

O seu médico pode verificar como está sua saúde por meio de exames laboratoriais e de imagem. Doenças cardiovasculares, por exemplo, podem ser percebidas com eletrocardiograma, ecocardiograma e monitorização da pressão arterial.

É importante também conferir como anda a glicemia para evitar diabetes e fazer um ultrassom para identificar possível presença de gordura no fígado, além de exames tradicionais de sangue para medir colesterol e verificar problemas na tireoide.

O peso também pode acarretar alterações ortopédicas nos quadris, joelhos e pés e dificuldade para dormir, como apneia do sono.

 

Principais números da obesidade, segundo a Vigitel Brasil:

  • A frequência de excesso de peso foi de 53,7% (contra 46,5% em 2008), sendo maior entre os homens (61,3%) do que entre as mulheres (47,7%). No grupo de 18 a 24 anos, o sobrepeso foi de 27%.
  • A média de adultos obesos foi de 17,7% (contra 12,5% em 2008). Entre os homens, a frequência da obesidade foi menor na faixa etária de 18 a 24 anos (6,2%), e mais que triplicou no grupo seguinte de 25 a 34 anos (19,0%).
  • A média de praticantes de atividade física moderada (mais de 150 minutos por semana) foi de 42,3% (contra 37,4% em 2011, ano em que o indicador foi incluído no Vigitel), sendo maior entre homens (51,5%) do que entre mulheres (35,0%).
  • Em média, 27,8% das pessoas declararam ter o hábito de consumir carnes com excesso de gordura (contra 26,9% em 2008), sendo esta condição cerca de duas vezes mais frequente em homens (37,9%) do que em mulheres (19,9%).
  • O consumo médio recomendado de frutas e hortaliças foi de 30,5% (contra 27% em 2008), sendo menor em homens (24,9%) do que em mulheres (34,9%).

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