Escrito por Renata Cremaschi

A ultrassonografia (USG) é realizada por meio de ondas sonoras de alta frequência, imperceptíveis ao ouvido do homem, através dos tecidos do corpo. Os ecos são registrados e transformados em imagens fotográficas e vídeos, assim como sonares utilizados para identificação de objetos no fundo do mar. A USG das artérias carótidas e vertebrais é um tipo de ultrassom (ou ecografia) vascular que estuda a velocidade e direção do fluxo de sangue das artérias, com o objetivo de avaliação do bloqueio (oclusão) ou estreitamento (estenose) das artérias. Também podemos detectar a presença de aterosclerose da parede e identificar estruturas que podem perturbar o fluxo de sangue através das artérias, como trombos (coágulos de sangue) e placas (acúmulo de material de gordura). O exame fornece informações importantes da espessura da parede do vaso e as características das placas nos vasos. Este exame é essencial no diagnóstico e condução dos acidentes vasculares encefálicos. Quando as artérias carótidas ou vertebrais ficam ocluídas parcialmente, os pacientes podem apresentar sintomas transitórios de confusão mental, perda da visão, perda da fala ou dos movimentos, além de tonturas. Os sintomas descritos são importantes alertas para um acidente vascular encefálico. A USG com doppler colorido de carótidas e vertebrais é um exame indicado para avaliação dos vasos cervicais após suspeita de quadro isquêmico cerebral ou quando o médico ausculta um sopro sobre a artéria carótida, indicando uma possível alteração no fluxo da mesma.

Raios X crânio e de coluna vertebral (cervical, torácica e lombo-sacra)

Os raios X utilizam feixes de energia eletromagnética invisível (radiação externa) para produzir imagens dos ossos, órgãos e tecidos internos. Devido às tecnologias mais avançadas de diagnóstico por imagem, os raios-X são menos utilizados atualmente. Contudo, continuam importantes na identificação de fraturas e defeitos dos ossos do crânio, tumores da hipófise, malformações congênitas (anomalias de nascimento), detecção de calcificações cerebral e alguns tumores. Os raios-X de coluna vertebral (cervical, torácica e lombo-sacra) são realizados para o diagnóstico de fraturas, alterações no alinhamento da coluna vertebral (cifose, escoliose), anomalias congênitas, espondilolistese (deslizamento de vértebras), artrite, tumores e controle pós operatório de posicionamento de placas, parafusos, além de outras estruturas de fixação de coluna.

Tomografia Computadorizada (TC) de crânio e de coluna vertebral (cervical, torácica e lombo-sacra)

A tomografia computadorizada (TC) usa uma combinação de raios-X (que se movem em um círculo ao redor do corpo) e tecnologia de computação (interpreta a informação visualizada de diferentes pontos de uma estrutura) na produção de imagens detalhadas em duas dimensões. O exame pode ser realizado sem ou com contraste intravenoso. A TC de crânio é importante na avaliação de diversas lesões cerebrais como isquemias, hemorragias, tumores, infecções e anomalias estruturais (hidrocefalia). A TC de crânio é fundamental para os modernos tratamentos na fase aguda de um paciente durante um acidente vascular cerebral isquêmico. A rápida obtenção das imagens facilita na corrida contra o tempo para a melhora dos sintomas destes pacientes na sala de emergência. A TC de crânio também se destaca como exame de escolha para avaliação de traumas cranianos, investigação de cefaléias, na avaliação periódica dos efeitos do tratamento de tumores cerebrais, além de fornecer dados para elaboração de cirurgias e biópsias cerebrais. A TC de coluna vertebral é utilizada no diagnóstico de lesões expansivas tumorais, avaliação de extensão de ferimentos e traumas, diagnóstico de hérnia de disco, malformações de vasos sanguíneos ou anomalias estruturais (espinha bífida). Mais ainda, pode ser muito útil na avaliação de cirurgias ou outras terapias no tratamento de doenças da coluna.

Angiotomografia (AngioTC) de crânio

A angioTC é um método rápido e não invasivo da avaliação do fluxo de sangue das artérias cervicais e intracranianas. As imagens das principais artérias e ramos destas presentes na circulação dentro do crânio são reconstituídas em 3D com fácil identificação dos problemas vasculares. O exame encontrou a sua importância na investigação precoce na fase aguda do acidente vascular cerebral. A decisão terapêutica na fase aguda do acidente vascular cerebral isquêmico depende do local e das características da obstrução do fluxo cerebral. Além disso, a investigação de sangramentos no parênquima cerebral e avaliação de placas ateromatosas cervicais são de suma importância no tratamento e seguimento destes pacientes. A angioCT ainda tem seu uso ainda limitado na identificação e seguimento dos aneurismas cerebrais. Apesar de apresentar vantagens em relação a uma angiografia digital cerebral, a AngioTC é contraindicada na história de alergia ao material de contraste iodado ou uso de radiação ionizante.

Ressonância Magnética (RM) de crânio e de coluna vertebral (cervical, torácica e lombo-sacra)

A ressonância magnética utiliza uma combinação de um magneto de grande porte, responsável por criar um forte campo magnético ao redor do paciente, associado a um computador que analisa os sinais de radiofrequência captados, para convertê-los em imagens ainda mais detalhadas que outros exames como raios-X e TC. A RM diferencia melhor os tecidos normais dos anormais de órgãos e estruturas internas. Atualmente, a RM é o exame de imagem mais sensível no diagnóstico de muitas das doenças neurológicas na prática clínica.
A RM crânio ajuda no diagnóstico de variadas condições cerebrais como tumores, infecções, abscessos, anomalias estruturais (hidrocefalia), hematomas subdurais (sangramento abaixo da dura-máter), doenças degenerativas (demências e doença de Parkinson), doenças autoimunes como esclerose múltipla, encefalites (inflamações do cérebro), encefalopatia hipóxica (distúrbio cerebral por falta de oxigênio), causas de epilepsia como esclerose mesial temporal, isquemias, hemorragias, alterações vasculares tais como aneurismas (dilatação), oclusão arterial (obstrução) ou trombose venosa (coágulos de sangue em seios venosos) e malformações dos vasos venosos.
A RM de coluna vertebral é indicada para: avaliar a anatomia e o alinhamento da coluna vertebral; o diagnóstico de doenças do disco intervertebral (degeneração, abaulamento ou hérnia) e doença articular intra-vertebral; detectar anomalias congênitas das vértebras ou da medula espinhal; identificar compressão da medula espinhal e raízes; fornecer dados para o planejamento de procedimentos cirúrgicos, inclusive guiar injeção de medicamentos; seguimento após as cirurgias de coluna vertebral para monitorizar posicionamento de material de fixação, cicatrizes ou infecções; avaliar mielite (inflamação da medula espinhal); diagnóstico de tumores ou infecções de coluna vertebral, além de avaliação da medula espinhal ou estruturas próximas.

Angiografia por Ressonância Magnética (ARM)
AngioRM de crânio
AngioRM intracraniana arterial e venosa
AngioRM arterial e venosa de vasos cervicais

A angiografia por ressonância magnética (ARM) é um método não invasivo de avaliação das artérias cerebrais e cervicais. Os vasos da circulação dentro do crânio (intracraniana, os quais os principais são conhecidos como polígono de Willis) são identificados e detalhados com imagens bem próximas às obtidas na angiografia digital. Devido à boa caracterização das mais importantes artérias do sistema carotídeo e vertebro-basilar, além do trajeto distal de vasos de pequeno calibre, o exame é indicado principalmente na avaliação arterial e venosa intracraniana. As imagens dos vasos sanguíneos podem ser obtidas com ou sem uso do material de contraste paramagnético. Este provoca menos reações alérgicas do que o contraste à base de iodo, usado nos RX e TC. Deste modo, a AngioRM é um procedimento mais seguro nos casos de alergia ao contraste iodado, embora seja contraindicado em pacientes com insuficiência renal. A angioRM pode ser utilizada para detecção de doença vascular oclusiva nos vasos dentro do crânio (intracranianos) e cervicais (extracranianos), além de contribuir com informações importantes no diagnóstico de hemorragia intraplaca de ateroma, dissecções arteriais, aneurismas e malformações vasculares (alterações dos vasos sanguíneos como angioma cavernoso). A angioRM pode avaliar stents intracranianos e extracranianas dependendo do material utilizado. É fundamental que detalhes destes stents sejam conhecidos para liberação da realização do exame.

RM de crânio com difusão, perfusão e espectroscopia

DIFUSÃO (DWI)

PERFUSÃO (PWI)

ESPECTROSCOPIA (ERM)

Técnica Está baseada no princípio físico de difusão (movimentos das moléculas de água nos tecidos). A perfusão (suprimento de sangue nos vasos de pequeno calibre conhecidos como capilares) estuda a microcirculação dos vasos dentro do crânio. Avalia a passagem de um bolo do contraste paramagnético intravenoso no tecido cerebral. Identifica os metabólicos cerebrais presentes nas diversas estruturas encefálicas. Produz gráfico com picos de concentração de diversas substâncias. De acordo com a patologia estudada, são esperados picos de determinadas substâncias.
Aplicações e benefícios
  • Avaliação precoce dos quadros isquêmicos dos acidentes vasculares encefálicos na fase aguda.
  • Diferenciação entre algumas lesões tumorais e abscessos cerebrais ou alguns tumores entre si. Acompanhamento de pacientes após ressecções tumorais. Melhor definição do tecido comprometido.
  • Útil na distinção entre lesão isquêmica aguda e crônica ou achado após manipulação.
  • Avaliação dos danos da presença de uma estenose sobre a perfusão cerebral e o prejuízo na troca de oxigênio e nutrientes entre o sangue e tecidos.
  • Identificação de angiogênese tumoral (nova vascularização) e o aumento da permeabilidade vascular tumoral. Ajuda na identificação de recidivas tumorais ou edema ao redor de tumores.
  • Melhor definição sobre as margens e grau de infiltração tumoral. Orientação de procedimentos de biópsia estereotáxica ou região para irradiação.
  • Auxilia na diferenciação da área de penumbra para tratamento agudo do acidente vascular cerebral.
  • Definição sobre as margens e grau de infiltração tumoral. Orientação de procedimentos de biópsia estereotáxica ou região para irradiação.
  • Após tratamento radioterápico ou cirúrgico de tumores cerebrais, no sentido de diagnosticar precocemente recidivas tumorais ou confirmar necrose por radiação.
  • Diferenciação de tumores de outras doenças cerebrais como abscessos, por exemplo.

 

Ressonância Magnética de crânio com espectroscopia (ERM)

A espectroscopia de ressonância magnética (ERM) é uma técnica avançada de neuroradiologia diagnóstica, não invasiva, que avalia mudanças químicas nos tecidos encefálicos. A espectroscopia de prótons de hidrogênio tem como aplicação clínica ajudar no diagnóstico diferencial de diversas lesões focais ou generalizadas, principalmente de doenças degenerativas. Ela pode ser uma ferramenta essencial no auxílio diagnóstico de síndromes demenciais (doença de Alzheimer e outras), doenças desmielinizantes (esclerose múltiplas, adrenoleucodistrofia), infecções (encefalite por HIV), doenças metabólicas (erros inatos do metabolismo e encefalopatia hepática subclínica), avaliação de traumatismos cranianos, lesões isquêmicas (hipóxia neonatal e acidentes vasculares encefálicos isquêmicos) e tratamento cirúrgico para epilepsias, com destaque para a epilepsia associada à esclerose mesial temporal.

Ressonância Magnética de crânio com fluxo liquórico

Trata-se do estudo da velocidade e sentido do fluxo do líquido cefalorraquiano (LCR) através da RM. É realizada na suspeita de alterações dinâmicas do fluxo do LCR. Esta técnica contribui para o diagnóstico de hidrocefalia de pressão normal (HPN) e hidrocefalias obstrutivas, além de ser importante na avaliação pré-cirúrgica para derivação ventrículo peritoneal (DVP) em pacientes com HNP.

Ressonância Magnética de crânio com tractografia

A técnica de tractografia por ressonância magnética é uma das mais recentes técnicas de imagem desenvolvidas para o estudo do sistema nervoso central, ainda em fase de aperfeiçoamento. A técnica estuda um conjunto de fibras nervosas através dos traços de difusão da água representada por um tensor. É realizada a união de vários pontos até formar a imagem de uma via nervosa, que indica o possível trajeto das conexões neurológicas ao longo da substância branca. O diâmetro e a densidade das fibras nervosas podem ser detalhadas, assim como a mielinização e a desmielinização das mesmas. É possível estimar ainda as vias nervosas presentes nas substâncias brancas. O exame é indicado na avaliação de doenças degenerativas, esclerose múltipla e no planejamento de cirurgias de epilepsia e de tumores cerebrais.

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