Escrito por Dra. Natasha Malo de Senço, CRM 141.094 e Dra. Alice de Queiroz C. Miguel, CRM 141.210
A melhor forma de garantir a saúde da mãe e do bebê é realizar o acompanhamento médico adequado ao longo da gestação, que é denominado acompanhamento pré-natal.
A rotina do pré-natal inclui a coleta do histórico médico detalhado da gestante, exame físico e ginecológico e também exames complementares. Alguns exames são solicitados apenas em casos especiais, mas há os que são obrigatórios para todas as gestantes. São eles:
Exames laboratoriais:
O diagnóstico de gestação idealmente é feito pela dosagem do hormônio beta-hcg no sangue materno, mas pode também ser com sua detecção na urina.
O hemograma é importante para detectar sinais de doenças que podem comprometer o desenvolvimento do feto, como anemia e infecções.
É necessário determinar o tipo sangüíneo da mãe e o fator Rh para avaliar a possibilidade de incompatibilidade entre a mãe e do bebê e medidas preventivas serem priorizadas.
Para avaliar se a mãe teve contato com alguns agentes infecciosos que podem comprometer o feto, algumas sorologias são solicitadas: toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, hepatite B, hepatite C, sífilis e HIV. Em algumas destas infecções é possível diferenciar se o contato com estes agentes foi recente ou antigo, o que interfere na indicação de tratamento, por isso são solicitados 2 tipos de imunoglobulinas (IgG e IgM).
Deve-se realizar a dosagem do hormônio estimulante da tireóide (TSH) e tiroxina livre (T4livre) para avaliar a função da glândula tireoideana. É comum ocorrer desbalanço da produção destes hormônios durante a gestação.
A dosagem da glicemia de jejum é um exame que detecta a possibilidade de Diabetes Mellitus e deve ser solicitada logo no início do acompanhamento. Se tiver elevada será necessário prosseguir a investigação com o Teste de Tolerância Oral a Glicose.
Exame de urina (urina I) com urocultura e o protoparasitológico de fezes também devem ser realizados para avaliar a presença de infecção/colonização, mesmo sem sintomas, que devem ser tratadas pelo risco de induzir trabalho de parto precoce e infecção uterina.
Caso a gestante não tenha colhido recentemente o exame de citologia oncótica do colo do útero, conhecido como “Papanicolau”, este é um momento oportuno para sua realização.
No início do terceiro trimestre, por volta da vigésima oitava semana, alguns exames deverão ser repetidos para reavaliação. São eles o hemograma, as sorologias e o exame de urina. A glicemia de jejum deve ser repetida por volta da vigésima quarta semana.
Próximo ao momento do parto, entre a trigésima quinta e trigésima sétima semanas, também deverá ser realizada a pesquisa de Streptococcus agalatiae, que é um agente que pode provocar infecções no recém-nascido.
Ultrassonografia:
Após o diagnóstico de gestação, geralmente é solicitado uma ultrassonografia obstétrica transvaginal, para avaliar o embrião e estimar a idade gestacional.
A próxima ultrassonografia deverá ser realizada entre a décima primeira e a décima quarta semana de gestação, quando irá avaliar alguns parâmetros que podem indicar a presença de malformações fetais e síndromes (como a translucência nucal). Este ultrassom é denominado morfológico. Nesse momento já é possível ter indícios do sexo do bebê, mas a confirmação só poderá ser obtida após a décima quarta semana de gestação.
O terceiro ultrassom também é morfológico e deverá ser realizado por volta da vigésima semana de gestação (entre a décima oitava e a vigésima quarta semanas) . Nele são avaliados mais detalhadamente os ossos, coração, cérebro do bebê. A maior parte das malformações pode ser detectada neste período.
No terceiro trimestre, geralmente por volta da trigésima quarta ou trigésima quinta semana, é solicitado outro ultrassom com dopplerfluxometria para avaliar o crescimento fetal, posição do feto, o líquido aminiótico e o fluxo de sangue para o bebê e para o útero.
Toda gestante deve realizar um pré-natal completo, com consultas mensais (chegando a semanais quando se aproxima do parto) e exames periódicos para garantir seu bem estar e do bebê, além de identificar possíveis doenças e prevenir complicações. Mulheres e bebês com doenças diagnosticadas durante o pré-natal, ou antes, podem ter que iniciar um acompanhamento diferenciado.